The discourse and practice of the common good in overseas Portuguese cities. The case of Macao in 16th and 17th centuries
Estado do Projecto: em curso
Período de actividade: 2019-2025
REF: NT-CHUL-01
Quadro de Financiamento: Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) – DL 57/2016
Unidade de investigação principal: Centro de História da Universidade de Lisboa
Instituição Principal: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Investigadora Responsável: Ana Filipa Firmino Sequeira Pinto Roldão (CH-ULisboa)
O conceito de bem comum apresenta-se como crucial para qualquer comunidade, não apenas numa dimensão filosófica (como, por exemplo, através do bem-estar e da prosperidade), mas, sobretudo, numa dimensão de sustentabilidade material, considerando a urgência que problemas como a falta de alimentos e de produção, a desigualdade social, a injustiça, os conflitos sociais e a degradação dos recursos naturais colocam, permanentemente, às comunidades e às instituições políticas. A forma como cada comunidade desenvolve o seu próprio conceito de bem comum dependerá, naturalmente, das suas necessidades conjunturais, da vontade e da acção políticas e do quadro cultural e ideológico em que se insere. O conceito de bem comum poderá ser considerado segundo diferentes escalas de observação, sendo predominante a análise do mesmo à escala de uma comunidade social e politicamente coerente, como, por exemplo, as sociedades urbanas. O presente projecto dedica-se ao estudo do caso de Macau, no decorrer dos séculos XVI e XVII, uma cidade portuária asiática que usufruía de um estatuto geo-político muito particular (a dupla autoridade portuguesa e chinesa), e que se encontrava profundamente ligada ao trato comercial nos mares do sudeste asiático. De acordo com a documentação da cidade, neste período, as instituições tipicamente urbanas, como a câmara municipal (Senado) e a Santa Casa da Misericórdia, estavam cientes do desafio que consistia em assegurar a sustentabilidade material dos seus habitantes. Manuscritos produzidos na câmara do concelho mencionam a urgência em providenciar a segurança material e social da cidade de modo a preservar o bem comum, conceito que, neste caso, em muito parecia assemelhar-se àquele que os reinos europeus medievais e modernos preconizavam. Contudo, a perspectiva das instituições políticas portuguesas é apenas uma das faces deste conceito. O estudo do bem comum na cidade de Macau terá necessariamente de considerar o contributo da perspectiva política, cultural e ideológica chinesa, bem como influências trazidas por comunidades circulantes no vasto sudeste asiático. Neste sentido, o presente projecto procurará alcançar um conhecimento alargado e multifacetado sobre o conceito de bem comum, no interior da cidade de Macau, quer do ponto de vista da sua formulação teórica quer dos seus usos práticos e quotidianos. Mais, será fundamental compreender em que contextos específicos terá sido este conceito invocado, nomeadamente se existe ou não uma ligação entre o conceito de bem comum na cidade e movimentos sócio-políticos de autonomia, auto-consciência urbana e identidade; assim como será interessante comparar a invocação do bem comum com a mutação geo-política e económica que a cidade revela ao longo dos séculos em análise, considerando os grupos sociais nela envolvidos. Neste sentido, serão consideradas para esta investigação fontes de natureza multicultural e multilinguística. O estudo do conceito de bem comum em Macau, nos séculos XVI e XVII, procurará contribuir activamente para o filão de investigação mais amplo sobre encontros interculturais euro-asiáticos, com relevância científica para a compreensão do mundo actual.
Período de actividade: 2019-2025
REF: NT-CHUL-01
Quadro de Financiamento: Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) – DL 57/2016
Unidade de investigação principal: Centro de História da Universidade de Lisboa
Instituição Principal: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Investigadora Responsável: Ana Filipa Firmino Sequeira Pinto Roldão (CH-ULisboa)
O conceito de bem comum apresenta-se como crucial para qualquer comunidade, não apenas numa dimensão filosófica (como, por exemplo, através do bem-estar e da prosperidade), mas, sobretudo, numa dimensão de sustentabilidade material, considerando a urgência que problemas como a falta de alimentos e de produção, a desigualdade social, a injustiça, os conflitos sociais e a degradação dos recursos naturais colocam, permanentemente, às comunidades e às instituições políticas. A forma como cada comunidade desenvolve o seu próprio conceito de bem comum dependerá, naturalmente, das suas necessidades conjunturais, da vontade e da acção políticas e do quadro cultural e ideológico em que se insere. O conceito de bem comum poderá ser considerado segundo diferentes escalas de observação, sendo predominante a análise do mesmo à escala de uma comunidade social e politicamente coerente, como, por exemplo, as sociedades urbanas. O presente projecto dedica-se ao estudo do caso de Macau, no decorrer dos séculos XVI e XVII, uma cidade portuária asiática que usufruía de um estatuto geo-político muito particular (a dupla autoridade portuguesa e chinesa), e que se encontrava profundamente ligada ao trato comercial nos mares do sudeste asiático. De acordo com a documentação da cidade, neste período, as instituições tipicamente urbanas, como a câmara municipal (Senado) e a Santa Casa da Misericórdia, estavam cientes do desafio que consistia em assegurar a sustentabilidade material dos seus habitantes. Manuscritos produzidos na câmara do concelho mencionam a urgência em providenciar a segurança material e social da cidade de modo a preservar o bem comum, conceito que, neste caso, em muito parecia assemelhar-se àquele que os reinos europeus medievais e modernos preconizavam. Contudo, a perspectiva das instituições políticas portuguesas é apenas uma das faces deste conceito. O estudo do bem comum na cidade de Macau terá necessariamente de considerar o contributo da perspectiva política, cultural e ideológica chinesa, bem como influências trazidas por comunidades circulantes no vasto sudeste asiático. Neste sentido, o presente projecto procurará alcançar um conhecimento alargado e multifacetado sobre o conceito de bem comum, no interior da cidade de Macau, quer do ponto de vista da sua formulação teórica quer dos seus usos práticos e quotidianos. Mais, será fundamental compreender em que contextos específicos terá sido este conceito invocado, nomeadamente se existe ou não uma ligação entre o conceito de bem comum na cidade e movimentos sócio-políticos de autonomia, auto-consciência urbana e identidade; assim como será interessante comparar a invocação do bem comum com a mutação geo-política e económica que a cidade revela ao longo dos séculos em análise, considerando os grupos sociais nela envolvidos. Neste sentido, serão consideradas para esta investigação fontes de natureza multicultural e multilinguística. O estudo do conceito de bem comum em Macau, nos séculos XVI e XVII, procurará contribuir activamente para o filão de investigação mais amplo sobre encontros interculturais euro-asiáticos, com relevância científica para a compreensão do mundo actual.
Project status: Ongoing
Execution period: 2019-2025
REF: NT-CHUL-01
Funding scheme: Foundation of Science and Technology (FCT) – DL 57/2016
Main research unit: Centre for History of the University of Lisbon
Main institution: School of Arts and Humanities of the University of Lisbon
Principal Investigator: Ana Filipa Firmino Sequeira Pinto Roldão (CH-ULisboa)
The concept of common good is generally crucial for any social community not only in philosophic terms (on welfare and prosperity, for instance), but mostly in what concerns material sustainability due to urgent problems which communities and political institutions have to solve, namely, the lack of food supply and production, social inequality and inequity, social conflicts, and degradation of natural resources. The way in which each community develops its own idea of common good depends on its conjunctural needs, political action and cultural or ideological framework. Scales of analysis of the concept and uses of common good are variable, but mostly coincident with social and political organized communities, as it was the case of the urban or municipal scale. This project will focus on the case-study of Macao during the 16th and 17th centuries, an Asian port city with a very particular geopolitical status (between Portuguese and Chinese authorities), deeply involved in maritime ways trade and commercial partnerships within Southeast Asia. According to Macao documentation from this period, urban institutions, such us the municipal council and also the Holy House of Mercy, for instance, were aware of the problem of material sustainability of inhabitants. Daily-life documents frequently mentioned the need to provide material security and social inclusion in order to preserve a common good, as it happened in European documentation of medieval and modern cities. However, the concept of common good in Macao should not be analysed only from the Portuguese institutions and cultural point of view, but also from the Chinese perspective, which include its political power and its ideological framework. Plus, within a more enlarged perspective, Macao’s concept of common good was probably also influenced by southeast Asian people and values. According to this, the project aims to achieve a comprehensive knowledge of the matters which fit into the concept of common good within the city of Macao, considering some theoretical formulation of this concept and the practical uses of it. Plus, it will be very relevant to identify in which contexts was the common good invoked, and if it is related to city’s autonomy, self-conscience and urban identity or even if it is typical of geo-economic turning points. In this regard, multicultural and multilinguistic sources will be used in this research. Macau’s common good case-study could give specific contributions in what concerns Euro-Asian intercultural encounters during the modern period with relevance to our present world.
Execution period: 2019-2025
REF: NT-CHUL-01
Funding scheme: Foundation of Science and Technology (FCT) – DL 57/2016
Main research unit: Centre for History of the University of Lisbon
Main institution: School of Arts and Humanities of the University of Lisbon
Principal Investigator: Ana Filipa Firmino Sequeira Pinto Roldão (CH-ULisboa)
The concept of common good is generally crucial for any social community not only in philosophic terms (on welfare and prosperity, for instance), but mostly in what concerns material sustainability due to urgent problems which communities and political institutions have to solve, namely, the lack of food supply and production, social inequality and inequity, social conflicts, and degradation of natural resources. The way in which each community develops its own idea of common good depends on its conjunctural needs, political action and cultural or ideological framework. Scales of analysis of the concept and uses of common good are variable, but mostly coincident with social and political organized communities, as it was the case of the urban or municipal scale. This project will focus on the case-study of Macao during the 16th and 17th centuries, an Asian port city with a very particular geopolitical status (between Portuguese and Chinese authorities), deeply involved in maritime ways trade and commercial partnerships within Southeast Asia. According to Macao documentation from this period, urban institutions, such us the municipal council and also the Holy House of Mercy, for instance, were aware of the problem of material sustainability of inhabitants. Daily-life documents frequently mentioned the need to provide material security and social inclusion in order to preserve a common good, as it happened in European documentation of medieval and modern cities. However, the concept of common good in Macao should not be analysed only from the Portuguese institutions and cultural point of view, but also from the Chinese perspective, which include its political power and its ideological framework. Plus, within a more enlarged perspective, Macao’s concept of common good was probably also influenced by southeast Asian people and values. According to this, the project aims to achieve a comprehensive knowledge of the matters which fit into the concept of common good within the city of Macao, considering some theoretical formulation of this concept and the practical uses of it. Plus, it will be very relevant to identify in which contexts was the common good invoked, and if it is related to city’s autonomy, self-conscience and urban identity or even if it is typical of geo-economic turning points. In this regard, multicultural and multilinguistic sources will be used in this research. Macau’s common good case-study could give specific contributions in what concerns Euro-Asian intercultural encounters during the modern period with relevance to our present world.