Estado do projecto: Em curso
Período de actividade: 2020-2023
REF: CEECIND/02867/2018
Finaciamento: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P. – Estímulo ao Emprego Científico (EEC)
Unidade de investigação principal: Centro de História da Universidade de Lisboa
Instituição principal: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Investigador principal: Abraham Ignacio Fernández Pichel (CH-ULisboa)
Instituições e grupos de pesquisa participantes: Université Paul Valéry Montpellier III, Institut Français d’archéologie Orientale (IFAO, Cairo), Centre franco-égyptien d’étude des temples de Karnak (CFEETK, Luxor).
O domínio sagrado do deus Amun-Ra em Karnak (antiga Tebas, actual Luxor), um dos maiores recintos sagrados do Egipto, constitui uma fonte decisiva para o estudo da antiga religião egípcia, das actividades dos templos, bem como das interligações entre eles. Karnak compreende uma grande quantidade de templos, capelas, santuários, unidades administrativas e domésticas, cujo desenvolvimento cronológico data do Império do Meio (a partir de c. 2000 a.C.) até ao período romano (I d.C.).
Os templos de Khonsu e de Opet estão localizados no sector sudoeste de Karnak. O templo de Khonsu foi construído durante a XX dinastia, no final do Segundo Milénio a.C., o templo de Opet, provavelmente, durante a XXV dinastia (século VIII-VII a.C.). Ambos foram restaurados e ampliados durante os períodos ptolemaico e romano (IV a.C. – I a.C.).
Fontes escritas e arqueológicas dos períodos ptolemaico e romano mostram claramente as ligações entre os templos de Khonsu e de Opet a diferentes níveis. A este respeito, as inscrições do portão ocidental, principalmente, da primeira corte do templo de Khonsu, confirmam que existiam circulações rituais entre eles. Foi encontrada uma escada, ligando ambos os templos, através do portão acima mencionado, da primeira corte durante as obras arqueológicas no sector oriental do templo de Opet em 2015, confirmando a ligação destes dois templos.
A ligação de ambos os santuários através deste acesso e da escadaria serve assim de enquadramento espacial, exemplificando a interacção teológica e a circulação cultual entre ambos os templos, principalmente no contexto do culto funerário ao deus Osíris. Textos e cenas em diferentes salas dos templos de Khonsu e de Opet reforçam estas considerações. Até agora, contudo, apenas uma parte destes testemunhos foi publicada e estudada. O presente projecto propõe-se estudar este novo material, a fim de estabelecer a ligação teológica e ritual que existia entre ambos os templos.
Finalmente, a referida circulação física e teológica também nos permite supor uma possível comunicação entre os templos de Khonsu e de Opet, do ponto de vista dos sacerdotes por eles empregados. A este respeito, as estátuas dedicadas por diferentes indivíduos de Tebas, deste período, encontradas em Karnak atestam a existência de sacerdotes que desempenharam as suas funções em ambos os templos. As mesmas considerações podem ser extraídas de numerosos papiros demóticos e gregos e óstracos do domínio do templo de Karnak.
Com o presente estudo, pretende-se analisar as interligações entre os templos de Opet e Khonsu a partir de diferentes pontos de vista. Em primeiro lugar, ambos os templos nos permitem investigar novos exemplos de intertextualidade, produção textual genética e práticas teológicas, ilustrando não só a dimensão textual destes testemunhos, mas também a cultura literária responsável pela sua produção. A este respeito, algumas questões são importantes: como é que estes textos dos templos de Khonsu e de Opet descrevem as divindades mencionadas e representadas nas suas cenas e textos rituais? Em que medida é que estas descrições respondem a um quadro teológico comum partilhado por ambos os templos? E como estão ambos os santuários ligados espacialmente através destas analogias temáticas da sua decoração parietal?
Em segundo lugar, o tema proposto leva-nos a investigar o grupo social responsável pela criação do texto: os teólogos e sacerdotes dos templos. As questões abordadas pretendem determinar as funções e deveres rituais deste grupo profissional neste sector sudoeste de Karnak, a existência de genealogias sacerdotais em relação aos dois templos ou modalidades de transmissão de títulos sacerdotais de pai para filho.
Período de actividade: 2020-2023
REF: CEECIND/02867/2018
Finaciamento: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P. – Estímulo ao Emprego Científico (EEC)
Unidade de investigação principal: Centro de História da Universidade de Lisboa
Instituição principal: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Investigador principal: Abraham Ignacio Fernández Pichel (CH-ULisboa)
Instituições e grupos de pesquisa participantes: Université Paul Valéry Montpellier III, Institut Français d’archéologie Orientale (IFAO, Cairo), Centre franco-égyptien d’étude des temples de Karnak (CFEETK, Luxor).
O domínio sagrado do deus Amun-Ra em Karnak (antiga Tebas, actual Luxor), um dos maiores recintos sagrados do Egipto, constitui uma fonte decisiva para o estudo da antiga religião egípcia, das actividades dos templos, bem como das interligações entre eles. Karnak compreende uma grande quantidade de templos, capelas, santuários, unidades administrativas e domésticas, cujo desenvolvimento cronológico data do Império do Meio (a partir de c. 2000 a.C.) até ao período romano (I d.C.).
Os templos de Khonsu e de Opet estão localizados no sector sudoeste de Karnak. O templo de Khonsu foi construído durante a XX dinastia, no final do Segundo Milénio a.C., o templo de Opet, provavelmente, durante a XXV dinastia (século VIII-VII a.C.). Ambos foram restaurados e ampliados durante os períodos ptolemaico e romano (IV a.C. – I a.C.).
Fontes escritas e arqueológicas dos períodos ptolemaico e romano mostram claramente as ligações entre os templos de Khonsu e de Opet a diferentes níveis. A este respeito, as inscrições do portão ocidental, principalmente, da primeira corte do templo de Khonsu, confirmam que existiam circulações rituais entre eles. Foi encontrada uma escada, ligando ambos os templos, através do portão acima mencionado, da primeira corte durante as obras arqueológicas no sector oriental do templo de Opet em 2015, confirmando a ligação destes dois templos.
A ligação de ambos os santuários através deste acesso e da escadaria serve assim de enquadramento espacial, exemplificando a interacção teológica e a circulação cultual entre ambos os templos, principalmente no contexto do culto funerário ao deus Osíris. Textos e cenas em diferentes salas dos templos de Khonsu e de Opet reforçam estas considerações. Até agora, contudo, apenas uma parte destes testemunhos foi publicada e estudada. O presente projecto propõe-se estudar este novo material, a fim de estabelecer a ligação teológica e ritual que existia entre ambos os templos.
Finalmente, a referida circulação física e teológica também nos permite supor uma possível comunicação entre os templos de Khonsu e de Opet, do ponto de vista dos sacerdotes por eles empregados. A este respeito, as estátuas dedicadas por diferentes indivíduos de Tebas, deste período, encontradas em Karnak atestam a existência de sacerdotes que desempenharam as suas funções em ambos os templos. As mesmas considerações podem ser extraídas de numerosos papiros demóticos e gregos e óstracos do domínio do templo de Karnak.
Com o presente estudo, pretende-se analisar as interligações entre os templos de Opet e Khonsu a partir de diferentes pontos de vista. Em primeiro lugar, ambos os templos nos permitem investigar novos exemplos de intertextualidade, produção textual genética e práticas teológicas, ilustrando não só a dimensão textual destes testemunhos, mas também a cultura literária responsável pela sua produção. A este respeito, algumas questões são importantes: como é que estes textos dos templos de Khonsu e de Opet descrevem as divindades mencionadas e representadas nas suas cenas e textos rituais? Em que medida é que estas descrições respondem a um quadro teológico comum partilhado por ambos os templos? E como estão ambos os santuários ligados espacialmente através destas analogias temáticas da sua decoração parietal?
Em segundo lugar, o tema proposto leva-nos a investigar o grupo social responsável pela criação do texto: os teólogos e sacerdotes dos templos. As questões abordadas pretendem determinar as funções e deveres rituais deste grupo profissional neste sector sudoeste de Karnak, a existência de genealogias sacerdotais em relação aos dois templos ou modalidades de transmissão de títulos sacerdotais de pai para filho.
“The Sacred and the Profane in Ancient Egypt: The Khonsu Temple in Karnak and Its Theological and Cultic Connections with the Opet Temple in the Greco-Roman Period” – “The Temple of Esna: Ptolemaic Inscriptions and Theologies”.
Project status: Ongoing
Execution period: 2020-2023
REF: CEECIND/02867/2018
Funding scheme: Foundation for Science and Technology, I.P. - Scientific Employment Stimulus
Main research unit: Centre for History of the University of Lisbon
Main institution: School of Arts and Humanities of the University of Lisbon
Principal investigator: Abraham Ignacio Fernández Pichel (CH-ULisboa)
Partner Research Groups & Institutions: Université Paul Valéry Montpellier III, Institut Français d’archéologie Orientale (IFAO, Cairo), Centre franco-égyptien d’étude des temples de Karnak (CFEETK, Luxor).
The sacred domain of the god Amun-Ra at Karnak (ancient Thebes, modern Luxor), one of the largest sacred precincts in Egypt, forms a decisive source for the study of ancient Egyptian religion, temple activities as well as interconnections between temples. Karnak comprises a vast quantity of temples, chapels, shrines, administrative and domestics unities whose chronological development dates from the Middle Kingdom (from c. 2000 BC) until the Roman period (1st cent. AD).
The Khonsu and Opet temples are located in the south-west sector of Karnak. The Khonsu temple was built during the 20th Dynasty at the end of the Second Millennium BC, the Opet temple probably during the 25th Dynasty (8th-7th century BC). Both were restored and enlarged during the Ptolemaic and Roman periods (4th century BC to 1st century AD).
Written and archeological sources from the Ptolemaic and Roman periods clearly show the connections between the Khonsu und Opet temples at different levels. In this respect, especially the inscriptions of the western gate of the first court of the Khonsu temple confirms that ritual circulations existed between them. A staircase linking both temples through the above-mentioned gate of the first court was found during the archaeological works in the east sector of the Opet temple in 2015, confirming the connection of these two temples.
The connection of both sanctuaries via this access and the staircase thus serves as a spatial framework, exemplifying the theological interaction and cultic circulation between both temples, mainly in the context of the funerary cult to the god Osiris. Texts and scenes in different rooms of the Khonsu and Opet temples reinforce these considerations. So far, however, only a part of these testimonies has been published and studied. The present project proposes to study this new material in order to establish the theological and ritual connection that existed between both temples.
Finally, the aforementioned physical and theological circulation also allows us to suppose a possible communication between the temples of Khonsu and Opet from the point of view of the priests employed by them. In this respect, the statues dedicated by different Theban individuals of this period found in Karnak attest the existence of priests who performed their duties in both temples. The same considerations can be drawn from numerous demotic and Greek papyri and ostraca of the Karnak temple domain.
With the present study, I intend to analyse the interconnections between the temples of Opet and Khonsu from different points of view. Firstly, both temples allow us to investigate new examples of intertextuality, genetic textual production, and theological practices, illustrating not only the textual dimension of these testimonies but also the literate culture responsible for its production. In this respect some questions are important: how do these texts from the Khonsu and Opet temples describe the divinities mentioned and represented in their ritual scenes and texts? To what extent do these descriptions respond to a common theological framework shared by both temples? And how are both sanctuaries connected spatially through these thematic analogies of their parietal decoration?
Secondly, the proposed topic leads us to investigate the social group responsible for the text creation: the theologians and priests of the temple. The questions addressed will intend to determine the functions and ritual duties of this professional group in this south-west sector of Karnak, the existence of priestly genealogies in connection to both temples or modalities of transmission of priestly titles from parent to son.
Project status: Ongoing
Execution period: 2020-2023
REF: CEECIND/02867/2018
Funding scheme: Foundation for Science and Technology, I.P. - Scientific Employment Stimulus
Main research unit: Centre for History of the University of Lisbon
Main institution: School of Arts and Humanities of the University of Lisbon
Principal investigator: Abraham Ignacio Fernández Pichel (CH-ULisboa)
Partner Research Groups & Institutions: Université Paul Valéry Montpellier III, Institut Français d’archéologie Orientale (IFAO, Cairo), Centre franco-égyptien d’étude des temples de Karnak (CFEETK, Luxor).
The sacred domain of the god Amun-Ra at Karnak (ancient Thebes, modern Luxor), one of the largest sacred precincts in Egypt, forms a decisive source for the study of ancient Egyptian religion, temple activities as well as interconnections between temples. Karnak comprises a vast quantity of temples, chapels, shrines, administrative and domestics unities whose chronological development dates from the Middle Kingdom (from c. 2000 BC) until the Roman period (1st cent. AD).
The Khonsu and Opet temples are located in the south-west sector of Karnak. The Khonsu temple was built during the 20th Dynasty at the end of the Second Millennium BC, the Opet temple probably during the 25th Dynasty (8th-7th century BC). Both were restored and enlarged during the Ptolemaic and Roman periods (4th century BC to 1st century AD).
Written and archeological sources from the Ptolemaic and Roman periods clearly show the connections between the Khonsu und Opet temples at different levels. In this respect, especially the inscriptions of the western gate of the first court of the Khonsu temple confirms that ritual circulations existed between them. A staircase linking both temples through the above-mentioned gate of the first court was found during the archaeological works in the east sector of the Opet temple in 2015, confirming the connection of these two temples.
The connection of both sanctuaries via this access and the staircase thus serves as a spatial framework, exemplifying the theological interaction and cultic circulation between both temples, mainly in the context of the funerary cult to the god Osiris. Texts and scenes in different rooms of the Khonsu and Opet temples reinforce these considerations. So far, however, only a part of these testimonies has been published and studied. The present project proposes to study this new material in order to establish the theological and ritual connection that existed between both temples.
Finally, the aforementioned physical and theological circulation also allows us to suppose a possible communication between the temples of Khonsu and Opet from the point of view of the priests employed by them. In this respect, the statues dedicated by different Theban individuals of this period found in Karnak attest the existence of priests who performed their duties in both temples. The same considerations can be drawn from numerous demotic and Greek papyri and ostraca of the Karnak temple domain.
With the present study, I intend to analyse the interconnections between the temples of Opet and Khonsu from different points of view. Firstly, both temples allow us to investigate new examples of intertextuality, genetic textual production, and theological practices, illustrating not only the textual dimension of these testimonies but also the literate culture responsible for its production. In this respect some questions are important: how do these texts from the Khonsu and Opet temples describe the divinities mentioned and represented in their ritual scenes and texts? To what extent do these descriptions respond to a common theological framework shared by both temples? And how are both sanctuaries connected spatially through these thematic analogies of their parietal decoration?
Secondly, the proposed topic leads us to investigate the social group responsible for the text creation: the theologians and priests of the temple. The questions addressed will intend to determine the functions and ritual duties of this professional group in this south-west sector of Karnak, the existence of priestly genealogies in connection to both temples or modalities of transmission of priestly titles from parent to son.