Resumo:
Durante muitos anos, o esporte foi encarado como território alheio à política, considerado, de forma equivocada, como terreno do ingênuo, do frívolo, como um objeto de menor valor que não merecia a atenção de pesquisadores das ciências humanas e sociais. A partir da década de 1980, todavia, se tornaram mais matizadas as interpretações acerca do tema, progressivamente considerado como fenômeno ambíguo e espaço de negociação entre o poder constituído e outros poderes cotidianos, entre o Estado e o conjunto da população. Essa comunicação tem por objetivo discutir tal envolvimento. Argumenta-se que sua percepção de que o esporte poderia ser utilizado como estratégia de mobilização e luta é derivada de três ocorrências: a) sua experiência de vida, de praticante e público de modalidades diversas, notadamente do futebol; b) sua capacidade de olhar com acuidade para um determinado quadro contextual; c) sua leitura específica do marxismo, a compreensão da necessidade de articular teoria e prática em projetos consequentes que tinham em conta a peculiaridade do continente africano, a articulação entre a “arma da teoria” e “a prática revolucionária”.

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