À «Corte todos se chegão, ainda que sejão muy poucos, os que na Corte cabem», escreveu, no seu dicionário, o Padre Raphael Bluteau. A Sociedade de Corte é uma concepção, uma realidade espacial, política e ideológica, indissociável da Época Moderna. A Corte, organizada a partir da realeza, definia as relações existentes entre a plêiade dos indivíduos que nela se inseriam, traçando e regulando os seus códigos e comportamentos. Assim, a Sociedade de Corte, como a identificou Norbert Elias, pressupunha uma dinâmica entre hierarquias e interdependências, que vinculavam aqueles que a integravam. Por esse motivo, também os diplomatas, enquanto exímios cortesãos, estavam conscientes de que o sucesso da sua embaixada poderia depender do grau de conhecimento, adaptação e integração numa Corte. A progressiva teatralização da representação diplomática - que serviu de suporte ao diálogo político entre soberanos – contribuiu, sobremaneira, para edificação de uma “Sociedade de Corte Internacional”. |