iForal, liderado por Filipa Roldão, ganhou financiamento da FCT no seu mais recente concurso para projectos de investigação. Aplicando os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos das humanidades digitais à paleografia e à edição crítica, o projecto trará uma nova luz aos forais régios portugueses dos séculos XII e XIII. O Centro de História, em parceria com o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, e com Joana Serafim como co-investigadora responsável, reúne neste projecto uma equipa multidisciplinar, de renomados especialistas em história medieval, linguística e humanidades digitais, de seis universidades portugueses e de uma universidade estrangeira. O objectivo do projecto é construir uma edição crítica electrónica, em acesso aberto, dos mais antigos testemunhos dos forais régios portugueses, assim como um glossário, promovendo a investigação nos domínios da história e da linguística. A perspectiva de conjunto que se pretende oferecer permitirá revalorizar textos essenciais para a construção do território português e para a memória de muitos municípios e das suas gentes. O projecto «iForal – Forais medievais portugueses: uma perspectiva histórica e linguística na era digital» promete renovar o estudo dos forais medievais, trazendo-os para o século XXI. Mais informações |
“O Sagrado e o Profano no Antigo Egipto”, o novo projecto de investigação do Centro de História5/10/2020
APRESENTAÇÃO
Esta é a primeira sessão de um Ciclo de Seminários que visa revisitar criticamente um género marcante na modernidade. Género que muito tem contribuído para alargar horizontes do conhecimento no campo das humanidades e das ciências sociais, com destaque para a história, os estudos literários, a filosofia e as ciências da natureza. E ao mesmo tempo reflectir sobre um pensamento a este respeito muito significativo, iniciado em Portugal com os Ensaios I (1920) de António Sérgio, com prolongamentos e divergências que se desenvolveram até à actualidade. Que conceitos e práticas ensaísticas têm coexistido no mundo ocidental, com destaque para a cultura portuguesa? Começamos pelo caso de David Mourão Ferreira, que neste campo dialogou intensamente com o autor dos Ensaios. Em 1920, António Sérgio escreveu: “A despeito da diversidade dos seus assuntos, todos os ensaios deste volume têm um único objectivo: a busca da orientação mais verdadeira, e por isso mais fecunda, nos problemas de que depende o ressurgimento da nossa grei”. Dele mais tarde dirá tratar-se de um“livro de pedagogia social e política” (prefácio ao primeiro volume dos Ensaios). Além de atitude mental e forma que, com insistência, procurou caracterizar, para Sérgio o ensaio foi uma forma privilegiada de mediação entre o saber crítico e a opinião pública - isto é de demopedia. Em próximas sessões convocaremos o pensamento de ensaístas como Ortega y Gasset, André Gide, T. Adorno, Edgar Morin, Sílvio Lima, Manuel Antunes, António José Saraiva, Óscar Lopes, Vitorino Magalhães Godinho e Eduardo Lourenço, sempre situando historicamente os problemas que suscitaram.
«La pure répétition, ne changeât-elle ni une chose ni un signe,
porte puissance illimitée de perversion et de subversion.» Jacques Derrida À continuidade pela repetição atribuiriam os latinos da época clássica a designação de traditio, tradere, com o sentido de «entregar», «passar adiante» aquilo que deveria continuar, sinónimo de renovare, isto é, «repetir», «refazer», «repor»; o nouo e a nouitas designavam a novidade e de certo modo a inovação, numa pluralidade de sinónimos. Esses termos chegariam depois ao galaico-português, ao português e ao castelhano, evoluindo ao longo dos tempos, mas mantendo a sua unidade de sentido. Aquilo que entendemos no século XXI por repetição e inovação é, no entanto, simultaneamente próximo dessas utilizações e também já algo distinto. Utilizar estes conceitos, partindo do sentido que hoje lhe atribuímos, para pensar a Idade Média será, por isso, entrar no domínio do anacronismo? Ou será antes uma forma válida de interrogar uma época com ferramentas que não lhe são totalmente estranhas? Podemos, no entanto, falar de uma repetição pura e de uma tradição que ignore todo e qualquer elemento novo? Ou, no sentido inverso, de uma inovação pura, uma novidade, que possa ter ignorado tudo o que a antecedeu? Poderão caminhar ou ter caminhado lado a lado na história do Homem? De que formas interagiram e permitiram a mudança? São estas questões, entre outras, que alimentarão as webtalks «Non nova sed nove?» Repetir, inovar e regredir na Idade Média, série de diálogos entre especialistas do período medieval que terá uma periodicidade mensal. A primeira sessão terá lugar via Zoom, no próximo dia 14 de Dezembro, pelas 18 horas, e terá como tema as noções de repetição, inovação e regressão nos Discursos e Práticas Políticas medievais. Para tal, contaremos com a participação da Professora Hermínia Vilar (CIDEHUS-UÉ) e da Professora Maria João Branco (IEM-FCSH-UNL).
Resumo: O projecto piloto de extensão rural do Andulo (Bié), levado a cabo no Planalto Central de Angola no final da década de 1960 e inícios da década de 1970, tem sido apresentado como instrumento ao serviço da contra-subversão portuguesa no contexto da guerra colonial, e está sobretudo associado ao engenheiro alemão, Hermann Pössinger, seu proponente e orientador técnico. Com base numa pesquisa em fontes de arquivo, no método biográfico e na história oral, apresenta-se uma história mais complexa e global dessa experiência, seguindo Pössinger, mas também outros técnicos que têm ficado na sombra, estabelecendo ligações entre percursos individuais e institucionais, ideias de desenvolvimento e práticas agrícolas que extravasam o quadro nacional e colonial. Verifica-se que o projecto se insere numa circulação que envolve a América, a Europa e a África, beneficiou do trabalho prévio da Missão de Inquéritos Agrícolas de Angola e teve subjacente o conhecimento das estruturas sociais e económicas dos Ovimbundu e uma visão de desenvolvimento integral dos camponeses africanos na contramão do modelo de desenvolvimento repressivo do colonialismo português tardio. A dimensão participativa e potencialmente emancipadora do projecto reenvia-nos para a contradição dialéctica da política colonial portuguesa nas vésperas do fim do Império.
Cláudia Castelo é investigadora no projecto WUD – Os mundos do (sub)desenvolvimento: processos e legados do império colonial português em perspectiva comparada (1945-1975) no CES-UC. É licenciada em História (1992), mestre em História dos Séculos XIX e XX (1997) pela Universidade Nova de Lisboa e doutora em Ciências Sociais, especialidade em Sociologia Histórica (2005), pela Universidade de Lisboa. Entre 2009 e 2013, foi investigadora “compromisso com a ciência” no Instituto de Investigação Científica Tropical, onde desenvolveu um projecto sobre colecções e memórias das missões científicas às colónias portuguesas. De 2014 a 2018, foi investigadora FCT no Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, da Universidade de Lisboa, onde dirigiu o projecto “Field Scientists in the 'Luso-Tropical Setting': Knowledge, Ideology and Governance in Late Portuguese Empire” (IF/00519/2013). A sua investigação centra-se na história do imperialismo e do colonialismo (sécs. XIX-XX); em particular, na circulação de pessoas, ideias e conhecimento científico nos espaços de colonização portuguesa. |
Candidaturas abertasPrograma Interuniversitário de Doutoramento em História: mudança e continuidade num mundo global (PIUDHist) 2023-2024
Bolsa de Doutoramento Pedro Almeida Ferreira - Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Chamadas / CallsCiclo de Seminários
2023-2024 Caminhos da Historiografia: História e Ciências Sociais dos anos 40 à atualidade Prazos: 25 de Abril e 31 de Julho ExposiçõesCiclos CH-ULisboaNewsletter CH-ULisboaSubscreva a nossa newsletter
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